Fibrocimento em cheque: mitos e verdades sobre a telha de amianto

por | 31/01/2018

Um elemento que já esteve acima de nossas cabeças durante décadas têm seu futuro decidido nos tribunais federais brasileiros. A telha de amianto, material de construção elaborado à partir do fibrocimento — composto de cimento com 10 a 15% de fibra complementar — é um produto altamente durável e resistente, de fácil manuseio e acessível economicamente. Por que, então, seu uso está em cheque na justiça nacional?

Geralmente utilizado em construções e reformas de pequeno porte, o fibrocimento é cercado de dúvidas quanto às aplicações, vantagens, possíveis perigos e danos. Por isso, listamos a seguir algumas questões importantes a respeito do amianto e das telhas com ele produzidas. Confira!

De onde veio o amianto?

As composições de amianto são usadas há centenas de anos, principalmente na elaboração de placas na construção civil. Reza a lenda que o imperador romano Carlos Magno possuía uma toalha de mesa tecida com fios do material, e usava a incrível resistência combustível do composto para impressionar os convidados nos banquetes reais, higienizando a toalha com fogo direto!

O Brasil é o terceiro maior produtor e o segundo maior exportador mundial de asbesto, notadamente da variedade crisotila. A maior parte da produção brasileira é comercializada internamente, e destina-se à fabricação de telhas onduladas, chapas de revestimento, tubos e caixas d’água.

A popularidade do elemento fica justificada pelos seguintes pontos: 

  • Amianto têm alta durabilidade e resistência, aliados ao fácil manuseio e instalação;
  • Suportam a opção de pintura, por questões estéticas ou até mesmo funcionais;
  • Alguns modelos de telhas de asbesto são utilizadas até mesmo para fechamento lateral;
  • Ótimo desempenho acústico, útil para controlar barulhos nas chuvas fortes;
  • Redução drástica no peso do construto, exigindo menos carregamento em pilares e vigas da estrutura.

A telha de amianto faz mal para a saúde?

A resposta curta e sincera é: sim.

O fibrocimento de amianto sofre desgastes naturais na cobertura protetiva. Uma vez exposto e sem proteção, esse material libera um pó finíssimo e facilmente inalável, extremamente nocivo à saúde.

Segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, qualquer tipo de amianto tem potencial cancerígeno. Ou seja, a inalação ou ingestão desse pó pode dar origem a perigosas doenças incuráveis e progressivas, frutos de um contato contínuo com esse material.

Como é a questão legal do fibrocimento?

Produtos derivados de amianto já são proibidos em mais de 75 países. O Brasil passou a integrar essa listagem após decisão do Supremo Tribunal Federal em novembro de 2017. 

Portanto, atualmente, o uso de telhas de amianto em projetos de construção e reforma é desaconselhado e deve ser substituído por materiais similares.

Então, como proceder?

Pessoas que possuem caixas d’água ou telhas de fibra de amianto não devem remover o material sem os devidos cuidados. Nessas situações, o mais prudente é acionar o auxílio de pessoas que saibam fazer a retirada de maneira segura.

Além do mais, por se tratar de um material altamente resistente a efeitos corrosivos, tempo e temperatura, o amianto não possui características recicláveis. Dessa forma, ele automaticamente passa a representar também um sério risco ao equilíbrio ambiental.

A atitude correta é buscar uma composição de fibrocimento alternativa. Na fabricação de telhas —  que responde por 97% do consumo de crisotila no Brasil —, o amianto pode ser substituído por uma mistura de fibras sintéticas (PVA ou PP) e celulose. 

Como vimos acima, orientações sobre reforma, construção e decoração são mais importantes quanto aparentam. Além de incluírem importantes questões estruturais e técnicas, também se relacionam com a saúde e o bem-estar das pessoas envolvidas.

Ao reformar ou construir a casa, questões como essas sobre a telha de amianto podem aparecer e gerar indecisões. Nesse caso, o mais importante é procurar um auxílio profissional com o intuito de encontrar uma solução viável, vantajosa economicamente e, se for o caso, alternativa.

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